domingo, 27 de janeiro de 2013

Cidade Livre do Desapego


Graças a Deus (e ao paracetamol) eu acordei bem melhor na segunda! Depois de um domingo acabado, eu estava bem tranquilo. Sem febre, sem dor no corpo, apenas um pouco resfriado, mas nada demais. O tempo em Copenhagen ainda estava daquele jeito: pouco sol e bastante vento. Dormi até tarde (ainda estava me recuperando, dá um desconto! rs) e quando levantei eu e Sara pegamos as bikes e fomos andar por aí.

Sara desde o início tinha me dito que queria que eu conhecesse a cidade livre de Christiania. Vai aqui uma breve explicação do que é Christiania: no fim dos anos 60, uma enorme base militar dentro de Copenhagen foi praticamente desocupada pelo exército. Era uma região muito arborizada e cheia de galpões e espaços amplos para convivência. Nessa época havia muita reclamação pela falta de parques e espaços comuns na cidade. Foi aí que cidadãos civis (a maioria adeptos da filosofia hippie) resolveram ocupar o local e torna-lo útil. Entraram nas casas que estavam vazias, construíram outras sem arquitetos ou algo do tipo e fundaram a “Freetown of Christiania”. Desde o início eles se entendiam como pessoas livres num território autônomo, que não tinha ligação política, tributária ou administrativa com a Dinamarca. Muitos eram adeptos de maconha e derivados, e plantavam o que consumiam de maneira aberta. A ideia era criar uma sociedade mais igualitária e desapegada. Se quiserem saber mais, procurem no google pois vale muito à pena.

Toda essa história é interessante, mas depois de muito tempo e com pessoas que hoje tem muito pouco ou nada a ver com quem idealizou essa comunidade, a impressão que tive de Christiania não foi das melhores. Um lugar um tanto sujo, com uma praça central (onde acontece a maior parte do comércio, artesanato e venda de drogas – lá isso é liberado e tolerado pelo governo) que mais parecia uma favela. Algo me diz que não era daquele jeito há quarenta anos, mas era como estava. Vi uma briga de cachorros bem violenta (e várias pessoas ao redor meio que curtindo!), e eu não sintonizei a energia do lugar. Quando nos afastamos desse “centro” e fomos caminhando pelas ruas por dentro da vila (o local é uma vila militar, realmente muito verde e com cara total de natureza) eu passei a curtir muito mais. Me lembrou um pouco as ruas de Penedo no Rio de Janeiro, mas um pouco mais autêntica, já que quase tudo era feito pelo próprios moradores. Tinham padrões estéticos bem pouco convencionais e pinturas com cores bem chamativas.

Saímos de lá (Sara ficou um pouco frustrada por ver que eu não me impressionei tanto com Christiania) e decidimos comer algo. Demos uma volta de bicicleta numa região agradável, próxima a um dos canais que corta a cidade (mas este era bem pequeno). Nessa hora começou uma pequena chuva, o que fez eu me irritar um pouco com a Sara pois ela estava fazendo muito corpo mole e eu não podia ficar exposto àquele tipo de clima!rs Mas enfim chegamos num café onde eu acabei por comer um hamburger (mas daqueles tipo "homemade"). Eu e Sarita papeamos mais um pouco e já estava praticamente na hora de ir pro aeroporto. O vôo era 21:00 ( e eu achei que fosse 21:30hs) e ainda estava claro...

Voltamos ao apê de Sara, e de lá para a estação de metrô. Dessa vez ela não foi comigo, já que o metrô deixa dentro do aeroporto. Cheguei super tranquilo, às 20:25 no guichê e quase não tinha fila. Pensei: que sorte!rs Quando o rapaz me viu e eu lhe informei que estava no vôo para Barcelona ele me deu um esporro de leve, informou que se eu chegasse 30 segundos depois ele já teria fechado o vôo. Mas fez meu check in e eu fui embarcar. Tá vendo? Que sorte!rs

Atravessei o aeroporto de Copenhagen com uma certa pressa (faltava 30 minutos para o horário de decolagem do vôo), e percebi que qualquer aeroporto lá é incrível e enorme! Meu embarque era no portão 90 e poucos... (as companhias low cost sempre ficam nos pontos mais afastados). Deu tempo de trocar uma nota de 500 Euros que eu tinha na casa de câmbio (trocar mesmo, por cinco de 100 rs) e embarquei numa boa. O vôo, mais uma vez, estava completamente lotado e dessa vez fui com uma empresa espanhola, a Vueling (que tinha uma aeromoça pela qual fiquei apaixonado! De verdade! Queria o telefone dela mas ela ameaçou chamar a segurança aí eu recuei... rs).

Vôo tranquilo, aproximadamente duas horas e meia...fui conversando com uma mulher dinamarquesa um pouco mais velha que já tinha vindo ao Brasil e isso ajudou a fazer o tempo andar mais rápido. Pousamos tarde em Barcelona - por volta de meia noite - e de cara já senti a primeira grande diferença: o calor! Fui andando pelo saguão inteiro do aeroporto (também muito bom) e a cada passo que eu dava ia notando outra coisa: não tem imigração! Bom, na verdade deve ter sim, mas o vôo que eu peguei não passou por nenhum controle de imigração. Achei isso estranho! Amigos me explicaram que foi pelo fato de ser um vôo entre dois países da Comunidade Europeia, só que de Londres para Copenhagen e do Porto para Londres eu tive que passar pelos fiscais... bom, foi estranho e é uma dica que eu dou aos brasileiros: se querem entrar na Espanha, façam-no por Barcelona!rs

Fui ao saguão e de lá desci até o estacionamento que é subterrâneo. Minha amiga Joyce (vizinha de bairro no RJ que estava morando em Barcelona fazendo um mestrado) já tinha me explicado que tinha um ônibus que me levaria direto à Plaza da Catalunya, onde ela estaria me esperando. Peguei o Bus e o trajeto foi bastante rápido...cerca de meia hora. Eu perceberia mais claramente isso no dia seguinte, mas Barcelona é uma cidade pequena territorialmente. Chega-se rápido a qualquer área da cidade. Cheguei na praça pouco depois de 1 da manhã. Lá estava a Joyce e o Markito, seu marido. Quando cheguei eles ficaram nitidamente aliviados, pois estavam preocupados e disseram que iriam me esperar só até 1:30.rs

Quando vi o Markito, à 1 da manhã, usando bermuda e havaianas, finalmente eu pensei: calor!!! Fazia 23 graus de madrugada, sensacional. Fomos andando e eu de cara percebi uma certa similaridade dos prédios e ruas com Buenos Aires (só que muito mais bonito e cuidado - apesar de amar a capital portenha). Chegamos no apê da Joyce, incrível! Era alugado pelo governo e ela tinha o direito de morar ali devido ao mestrado. Muito bem localizado, e com uma área ótima. Trocamos uma ideia e eu fui dormir às 5 da manhã. Detalhe: acordei às 8!rs Estava muito ansioso para ver a cidade de dia. Afinal, era Barcelona!

ps: a aeromoça não ameaçou chamar a segurança não hein! Eu a achei linda mas foi algo platônico!rs

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

INFLUENZA

Eu tinha vários planos para o domingo. Queria dar um pulo numa área bonita que fica fora da cidade onde tem um belo museu de artes. Depois Sara já tinha me intimado a acompanha-la em sua aula semanal de tango (vale aqui um parêntese: quando eu conheci a Sara através da Noemi, frequentávamos vários bailes de tango no Rio pois Noemi é uma apaixonada pela dança portenha. Acabou que a Sara também se apaixonou). Queria que eu dançasse com ela e coisa e tal.

Tudo isso foi por água abaixo pois na madrugada de sábado para domingo eu já tinha ido deitar me sentindo mal. Passei a madrugada inteira na merda e só no outro dia pela manhã consegui comprar um remédio. Estava me esforçando ao máximo para não incomodar a Sara, mas não teve jeito. Lá pelas 7 da manhã, pedi a ela que descesse e comprasse um paracetamol para mim. Sara ficou enrolando e me dando outros remédios (nem lembro o que era...). Só sei que depois de insitir muito com ela, acabou comprando o paracetamol para mim. A melhora foi lenta porém real. Só que eu estava ainda muito mal, com febre e dor no corpo. Sara foi à aula, voltou, e eu lá – deitado.

À noite consegui me levantar e fazer algo que era o mais próximo de uma canja (era uma sopa semi-pronta de saquinho de frango com macarrõezinhos). Depois disso me senti bem melhor e continuei descansando para o dia seguinte. Precisava melhorar, já que eu tinha perdido um dia inteiro de minha viagem. E no dia seguinte tinha um vôo para um lugar bem mais quente: Barcelona!