domingo, 30 de setembro de 2012

Sol no canal!


Depois de um primeiro dia bem morno em Copenhagen, a quinta-feira começou com força total! O sol finalmente deixou de ser aquela luz de geladeira que eu tinha me acostumado em Londres e fez bastante calor. A Sara tinha ido ao trabalho (chegaria em casa por volta das 16:30, e tínhamos marcado de nos encontrar quando ela voltasse).  Desci as escadas do prédio que rangia com qualquer movimento (tudo era de compensado, e dava para escutar todas as conversas). No percurso até o térreo, percebi um hábito curioso dos dinamarqueses. Todos eles tiram os sapatos/tênis/chinelos e deixam na porta de casa. Só andam dentro dos apartamentos descalços (Sarita havia me dito isso na noite anterior, mas eu não tinha reparado o outros apartamentos).
Peguei a bicicleta e parti para dar uma volta pela cidade. Sara mora numa região bem central, na ponta da avenida Hans Christian Andersen (se você não sabe quem é, vale a pena dar uma pesquisada no Google - escritor de livros infantis). Nesse dia estava um calor quase de Brasil! A diferença é que sempre tem um ventinho ameno rolando para deixar mais fresco. Mas parti de bike indo em linha reta para facilitar e depois saber voltar. A cidade é bem bonita e tranquila. O centro mais calmo de uma capital que eu já vi na vida. Cheguei até uma ponte que atravessa um dos vários canais que passam por dentro da cidade. Nesse aspecto Copenhagen mais uma vez lembra Amsterdam. Decidi virar e descer pela beira do canal. Fui fazendo o percurso até que vi uma galera num gramado pegando sol... mulheres de biquíni, e parei também!rs
A cena era muito engraçada. Tinha um deck onde muitos ficavam caminhando, como se fosse um calçadão. E vários mergulhavam no canal (passavam vários barcos, alguns estilo “Barca”, mas menores, só que todos eles juravam que a água é limpíssima). Nesse momento, pensei “ah, que mal há?“. Estava de bermuda, deitei no deck e fiquei lá pegando um sol também. Só não mergulhei pois a água é a muito, mas muito gelada! Nesse momento aconteceu uma das cenas mais engraçadas de toda a trip. Vi três meninas chegarem, tirarem um bote de uma caixa e começar a enchê-lo com uma bomba daquelas de encher colchão inflável. Após muito esforço, as três entraram na água dentro dele, ficaram uns cinco minutos e voltaram. Precisava encher mais. Retornaram para a água e ficaram lá, com barca passando quase do lado, lancha do outro, e elas no meio de tudo. Sensacional! Quando saíram da água, fui trocar uma ideia com elas e foi ótimo! Estavam se divertindo muito! Tipo, muito!rs
De lá voltei para a casa pois Sara iria sair do trabalho e tínhamos que nos encontrar. Quando cheguei, não deu nem cinco minutos e ela apareceu. Marcamos uma meia hora e partimos para encontrar a Amina, que era uma amiga de infância da Sara que tinha estado no Brasil no período em que ela morou por aqui. Passamos os três o ano novo de 2009/2010 juntos! Épico!
Pegamos nossas bicicletas e partimos para uma região da cidade que eu não lembro o nome (eu não lembro os nomes de quase tudo lá, pois a língua é extremamente complicada). Estava rolando uma festa numa área aberta, parecida com um pátio. Montaram um som, tinha um DJ e cerveja. E o melhor: de graça! Ficamos lá por um tempo com mais duas amigas da Sara (Giulia e sua irmã, que não lembro o nome). Quando era por volta de umas 20hs partimos de volta para o centro. Vale lembrar que o sol estava rolando bem nesse momento. Mas como já era o fim da tarde, o friozinho começava a chegar (um casaco resolveu sem problemas). Fomos pedalando ate pararmos em frente a um hostel muito legal. A parte do térreo era toda aberta, parecendo um bar. E lá ficavam hóspedes e pessoas locais, todos misturados. Estava passando algum jogo da Eurocopa (acho que era Portugal x Rep. Checa). Entramos num bar ao lado onde tinha um show de blues, mas não estava bom. Sem contar que era permitido fumar dentro do PUB (?!). Não fiquei nem cinco minutos e saí, irritado e fedendo a cigarro. Paramos no hostel e começamos a conversar com um grupo de americanos. Junto deles tinha uma brasileira de Minas Gerais que mora em Nova Iorque, e todos passamos um bom tempo por lá. Para mim esse é o princípio básico de uma viagem. Sair e conversar/conhecer o máximo de estranhos que você puder.
Estava começando a anoitecer (22hs), e demos uma caminhada até uma praça central, um grande paço onde ficava o Tribunal de Justiça. Lá, estava montada uma exposição de fotos com a história política da Dinamarca moderna. Tudo no meio da rua. Nesse momento fiquei muito feliz da Amina estar lá. Ela é filha de um dinamarquês com uma árabe, e é muito politizada e ativista de diversas causas. Ela ficou ao meu lado explicando quem era quem em cada uma das fotos, e principalmente, qual o contexto político de cada uma das situações retratadas. Ela ficava perguntando se estava entediante, e eu dizia “pelo amor de Deus, continue!!!”rs.
Às 22:30 anoiteceu, mas não completamente. Em Copenhagen, no verão, não fica completamente escuro. Sabe quando está quase noite, tipo 17:40, 17:45 aqui no Brasil? Escurece até esse ponto, e às três da manhã amanhece. Louco!
Decidimos voltar pois Sara trabalhava no dia seguinte. Parei naquela lanchonete com donos árabes em frente à sua casa e comi um a pizza. Satisfatório. A comida dinamarquesa não me apetecia em nada. Basicamente porco e batata. Não esqueço de um comentário da Amina: “temos 6 milhões de habitantes e 25 milhões de porcos. Mas a gente exporta. Os porcos.”

Nas fotos: o canal visto da ponte, o deck, as meninas no bote, Sara e Amina numa ruela do centro e o paço onde havia a exposição.







domingo, 16 de setembro de 2012

Indgang - Kobenhavn


Depois de uma despedida simples e sincera (como deveria ser tudo na vida), acordei na quarta 20/6 com a cabeça num lugar que para mim teria um significado muito especial: Copenhagen! Tudo nesta viagem era novidade, mas o país nórdico seria o mais distante da nossa cultura que eu veria. Estava bem animado.
Despertei em Londres por volta de 10hs, dessa vez não fiz os exercícios e fui pro aeroporto. O vôo estava marcado para as 14:30, e eu não iria partir de Heathrow, mas de Gatwick, o segundo principal aeroporto da Inglaterra (não haveria a facilidade do metrô para chegar até lá). Gatwick fica a 48km de Londres. Há uma linha de trem que faz o percurso, mas parte da estação Victoria, que ficava um pouco longe da casa da Cami e era muito movimentada! Na noite anterior eu e Cami tínhamos visto que há uma van da própria EasyJet (companhia aérea que eu voaria) que saía do Hotel Ibis ao lado da estação de metrô Earl’s Court. Era muito próximo e facílimo de chegar.
Peguei o tube, cheguei em Earl’s Court e fui pra rua. Nesse dia senti um pouco de raiva... Finalmente o sol apareceu e bem! Devia estar fazendo quase 30 graus, e eu estava indo embora!rs Mas tudo bem.
Cheguei defronte ao hotel e a van já estava lá. Me informei com o funcionário que foi muito atencioso e embarquei rumo ao aeroporto. Custava 10 libras. Achei um pouco caro, mas para o padrão de lá não é muito. O trajeto levou cerca de 1 hora e passei basicamente por uma autoestrada sem grandes paisagens. O campo inglês não difere muito do campo brasileiro... só faz menos sol!
Quando chegamos ao aeroporto, mais uma vez a sensação de incredulidade. Era muito melhor que o aeroporto do Galeão, e ficava no meio do nada! As rotinas funcionavam de maneira mais prática, a locomoção era extremamente fácil, e tinha muitas lojas e opções. Fiz o check in, resolvi comer algo enquanto aguardava o embarque (um cheeseburger muito bom), e me dirigi até o avião.
Todas as minhas passagens aéreas dentro da Europa foram por empresas low cost. Essas empresas tem tarifas muito mais baixas que o comum e não oferecem serviço de bordo ou outras facilidades, por exemplo. Na verdade, até há serviço de bordo, só que é cobrado à parte e pago no próprio voo, em cartão ou dinheiro. Em absolutamente TODOS os voos que peguei foi assim. E detalhe: sempre lotados. Achei um tapa na cara de todo mundo no Brasil que reclama que “tal companhia é uma pobreza, não servem nada”. O grande problema aqui é que as tarifas de uma GOL, por exemplo, que tem reconhecidamente um serviço de bordo nulo são mais caras do que deveriam para o que se oferece. Mas aí é outra história, de tributação e condições de mercado. Não vou entrar nisso por aqui.rs
Embarquei pelo portão 97 (!) e dormi praticamente todo o voo (cerca de 1h e meia). Ao chegar em Kobenhavn (Copenhagen em dinamarquês), mais uma situação curiosa, dessa vez na fila do passaporte. Diferente da Inglaterra, na Dinamarca eles não separam cidadãos com passaporte europeu do restante. Lá a separação é feita entre dinamarqueses e quaisquer outros. O que fez com que eu aguardasse na fila junto aos ingleses e demais.  
Quando chegou minha vez, o funcionário fez um sinal para que eu me aproximasse com um sorriso enorme no rosto. Provavelmente pensava que eu era europeu (para quem não me conhece, sou bem branco e tenho olhos claros, nenhuma aparência de brasileiro rs). No momento em que ele pegou meu passaporte e viu “Brasil”, seu sorriso se transformou automaticamente numa cara fechada!rs Foi nítido e instantâneo. Ele então me perguntou o que eu queria na Dinamarca. Eu respondi: “visitar uma amiga”. “Quantos dias você fica aqui?” ”Cinco.” “E depois vai para onde?” “Barcelona”. Neste instante ele fez uma cara de “ah, tá bom então!” e carimbou meu passaporte. Provavelmente ficou tranquilo com o fato de eu já ter um carimbo da imigração inglesa. Depois a Sara me disse que se eu fosse negro, dificilmente teria sido tão fácil. Iriam me pedir documentação para comprovar tudo o que estava dizendo. Triste, mas eu sei que é verdade.
Passei pela imigração e fui ao desembarque. Lá estava ela, Sarita, minha girafa preferida! Sara é uma italiana que eu conheci no Rio em 2009 na Lapa. Ela e sua irmã estavam curtindo um samba no meio da rua e eu cheguei cheio de boas intenções na Noemi (a irmã). Noemi ficou dois meses no Rio e Sara um ano. Nem precisa dizer que ficamos muito amigos! Sarita tem minha altura (1,82m) e cabelos e olhos negros.
Ela estava muito feliz! Depois me disse que nunca esperaria que um dia eu fosse até Copenhagen visitá-la, por conta da distância e por ser muito fora de rota para quem vai à Europa. Pegamos o metrô (em Copenhagen também há uma estação dentro do aeroporto) e partimos. O metrô lá é muito menor e menos movimentado que na Inglaterra, por várias razões.
Copenhagen é uma cidade de aproximadamente 1,5 milhão de habitantes, territorialmente pequena e onde 40% das pessoas fazem tudo de bicicleta. Isso é uma coisa incrível e a única cidade com estas características na Europa é Amsterdam (depois me disseram que as duas cidades são extremamente parecidas). Quando desembarcamos na região central, troquei o dinheiro (lá não é Euro, mas Coroa Dinamarquesa) e fomos pegar a bicicleta que a Sara já tinha arranjado pra ficar comigo nos dias em que estaria por lá.
Copenhagen é bem bonita, com uma arquitetura toda peculiar e prédios baixos. Nesse primeiro dia não deu pra ver muita coisa, mas a gente passou num lago artificial onde todos param para conversar e pegar sol (artigo de luxo por lá). Depois fomos até uma lanchonete árabe comer um falafel. Não sou tão fã assim, mas encarei. Basicamente, é um sanduíche no pão sírio. E com MUITA pimenta. Aqui em Copenhagen tive alguns problemas com comida, mas isso fica para mais tarde. Já estava começando a anoitecer (eram quase 23hs, aqui anoitece mais tarde que em Londres!rs) e eu estava bastante cansado. Um pouco antes de chegar na casa da Sara – um apto num prédio bem antigo, com todos os pisos de madeira – paramos para comer um cheeseburger numa lanchonete cheia de árabes que quando descobriram que eu era do Brasil ficaram muito felizes falando sobre futebol e sobre o quanto a comida árabe é popular por aqui (um deles já tinha visitado o Brasil). Era hora de descansar!
Nas fotos: o lago artificial e pessoas aproveitando o sol na ponte que cruza o lago.


domingo, 9 de setembro de 2012

Meu amor. O que você faria?



Aquele que seria o último dia que eu aproveitaria por inteiro na minha primeira passagem por Londres foi um misto de vários sentimentos.  Ao mesmo tempo em que Londres tinha sido algo fantástico e completamente diferente de tudo que eu já tinha experimentado na vida, eu ainda tinha bastante coisa pela frente. Ao invés de ter um dia mais leve, resolvi aproveitar by myself.
Nesse dia comecei mais uma vez com os exercícios. Vale destacar que a essa altura eu já estava acordando bem tarde. Por volta de 10/11hs. Culpa do fim de semana!rs Mas levantei-me e quando era quase meio-dia estava na rua. Peguei o tube até Camden Town de novo, dessa vez para ver o street market.
O street market, ao contrário do que possa parecer, não é algo tão popular assim. É mais “alternativo”, você encontra peças quase artesanais, de fabricação única, mas os preços ficam na média do resto da cidade. Eu penso que originalmente era apenas um, mas hoje existem pelo menos três galpões inteiramente ocupados pelas barracas (com um aspecto de camelódromo). Apesar de venderem de tudo – livros, incensos, artesanatos, instrumentos musicais e muito mais – a grande maioria dos stands vendem peças de vestuário. Camisetas, vestidos, sapatos e cuturnos completamente estilizados. Alguns com cara de brechó. Achei bem interessante, dei uma volta ao redor e aproveitei para almoçar por lá mesmo. O market fica localizado em cima de um rio, e nas margens dele existem várias lojinhas com refeições “prontas”. Eis que avisto uma com a bandeira do Brasil. Quando cheguei, era um catarinense o dono, e eu tive um ótimo arroz-feijão-bife-farofa por 4,00 libras. Achei bem honesto.
Fiquei por lá umas duas horas... e ainda passei num restaurante chamado Made in Brazil (sei o que você vai pensar: que panaca! Foi pra Londres ver coisas do Brasil. Ok, nesse dia me bateu um pouco de homesick). Lá eu tomei um açaí na tigela (7,00 pounds), que eu achei ok, nada demais. A dona é uma inglesa e a equipe basicamente composta por brasileiros.
De lá, fui até outro major spot: o Hyde Park. Fica na região central de Londres, bem perto do Marble Arch (um grande arco monumento feito em mármore). Local muito famoso pelos festivais e eventos que tem o parque como cenário. É um local lindo, cheio de gente praticando esportes, passeando, casais sentados nos gramados e várias outras coisas. Rola até um caminho em homenagem à Princesa Diana, com placas no chão indicando seu trajeto. Nesse dia fazia um belo solzinho, bastante agradável. Tirei a camisa e estendi no gramado. Fiquei lá deitado por algum tempo, aproveitando aquele clima de relaxamento. Viver como um londrino não é nada mal.
Informação adicional: eu era a única pessoa sem camisa no parque. Ninguém fica sem camisa lá (nem no resto da Europa... só na praia).
Levantei e fui andando pelo parque, até que cheguei numa região toda gramada e aberta que tinha várias pessoas jogando futebol. Me bateu aquela vontade, dei uma olhada ao redor e encontrei um grupo que tinha um número ímpar de jogadores. Fui até lá e pedi pra jogar, no que eles me atenderam. Sensacional!
Era um grupo basicamente de árabes, mas não consegui precisar qual país. Tinha um italiano, um escocês e o resto árabes ou do norte da África. Alguns jogavam bem – nada de espetacular – e tinha até um com o uniforme completo da seleção brasileira (do Daniel Alves). Achei melhor não dizer de onde era, pois eles poderiam ficar decepcionados.rs Eu era o único de calça jeans e all star, mas tudo bem. Fui para um time que com o decorrer percebi que era um pouco mais fraco, mas fomos equilibrando o jogo. À medida que a partida ia ficando igual, eles aliviavam cada vez menos. Eu recebi pelo menos umas três faltas bem fortes (incluindo um chute no joelho e um pisão por trás rs). Mas tranquilo, já tinha jogado com estrangeiros antes e para eles isso é normal, ninguém reclama. Eu tirei a camisa de novo pois estava com calor (o que fez eles gritarem “He’s on fire!”rs) e no fim acho que perdemos por um gol. Mas foi legal. Eles me perguntaram de onde eu era e eu falei: Brasil. Me convidaram para jogar com eles de novo na semana seguinte e eu expliquei que estava indo embora, mas agradeci.
Nesse momento rolou um episódio completamente inusitado: como eu estava com muito calor, fui embora andando pelo parque sem camisa, e nem lembrei que isso era incomum. Fui reparando que eu era, verdadeiramente, a ÚNICA pessoa sem camisa lá. Todos me olhando. Mas eu nem me importei. Estava com calor mesmo e que se dane!(mentira, isso durou uns cinco minutos e eu a vesti de novo – achei que pudesse ser preso rs).
Fui então para South Kensington encontrar a Cami. Devia ser por volta de 18hs e ela tinha acabado de sair do trabalho. Ela comeu uma salada e partimos pro Soho pois tínhamos marcado um jantar de despedida. Pegamos o tube e descemos em Picadilly. Caminhamos por Leicester Square, por Chinatown até chegar no miolo do Soho. Essa era a região mais cool na Londres dos anos 60. Algumas coisas tem aspecto bem envelhecido, e rolam uns becos e vielas com o melhor e o pior da área central. Fomos andando a esmo (sempre fazíamos isso rs) até que vimos uma casa de sucos bem legal, e que usava frutas de verdade! Eu pedi um de manga com maracujá e côco e a Cami mamão, laranja e raspberry. Estava muito bom. Ficamos por lá, papeando, tentando entender o quanto aquela experiência toda de vivenciar uma cidade como a capital inglesa faz você enxergar as coisas de uma maneira diferente (Cami teve a mesma epifania quando esteve lá pela primeira vez). Quando percebemos, era 22:30 e decidimos voltar pra casa. Chegava ao fim uma das maiores histórias de amor por uma cidade que eu já tive na vida. Mas eu ainda iria voltar a Londres.

Nas fotos: O Marble Arch, o caminho da Princesa Diana, escultura no Hyde Park e detalhe do gramado.





domingo, 2 de setembro de 2012

Segunda de Primeira (e o ápice dos trocadilhos ridículos)


A segunda começou com uma sensação de saciedade plena depois da Feijoada de domingo! Dei uma corrida leve pelo bairro (nunca é demais reforçar - East Putney é realmente muito bonito!) e vi até uma camisa do Flamengo! Era de um inglês que não falava nada de português...rs Na volta, banho, café da manhã em casa (um misto quente e umas blueberries) e pé na rua!
Neste dia, já tinha uma coisa planejada desde o Brasil. O Jason, amigo da Cami que eu dei uma moral quando esteve no Rio ano passado levando pra conhecer vários lugares legais na cidade, tinha comprado dois ingressos para um show do Chris Cornell solo voz e violão no Palladium. Estava super ansioso por isso. Sou fã do cara no mínimo desde 1998, mas isso seria só no fim do dia (tínhamos marcado de nos encontrar às 18:30).
Como tinha o dia inteiro pela frente, decidi conhecer o mais famoso museu de Londres, o British Museum! Um museu que conta a história da humanidade e das civilizações ao redor do mundo. Já nem sei mais qual é o museu mais impressionante. O que sei é que neste foi onde fiquei mais tempo. E só fui embora porque deu o horário de encerramento e eu tive que sair.rs
Peguei o tube até Holborn (uma região com bastante cara de Centro). Caminhei algumas quadras – região bem charmosa diga-se de passagem, como toda a cidade. – e lá estava ele! Dentro eu vi coisas das quais eu só tinha ouvido e estudado. As estelas maias – civilização pela qual sou fascinado -, totens de nativos norte-americanos com 15 metros de altura, múmias egípcias e o auge de tudo, a Pedra da Roseta, que é uma das descobertas arqueológicas mais importantes da história.
O museu fica num palacete incrível, com um amplo salão. Tinha itens que variavam da pré-história até o séc. XIX. E ainda rolou uma exposição temporária (toda hora eles escolhem um tema diferente) sobre o cavalo e sua representatividade para o homem. Tudo isso (pra variar) de graça!
Saí de lá quando eram 17:30 e voltei para Picadilly Circus que era próximo do Palladium. Comi em algum fast food e aproveitei para passar na loja da M&M’s em Leicester Square – existem 4 no mundo e a de Londres é a maior de todas. Parece uma Lojas Americanas, só que tudo lá é M&M’s. Almofada, chaveiro, camiseta, mochila, uma infinidade de bugigangas e claro, chocolate! E fui ao show do Chris!
O Palladium é o teatro mais antigo de Londres. Não é muito grande (capacidade para pouco mais de 2000 pessoas) e uma arquitetura incrível, em estilo neo-clássico. Rola aquele clima de gala, com a área interna inteira e o saguão decorados com um tapete vermelho. Quando chegamos, um funcionário nos acompanhou até os lugares (lá é lugar marcado) e já tinha começado o show de abertura que era de um cara chamado Paul Freeman. Nunca tinha ouvido falar, achei legal e decidi comprar o disquinho dele ao final (10 libras). Confesso que não achei o disco grande coisa...o show foi bem melhor.
Depois veio o grande momento: Chris Cornell! Não era a grande referência musical que eu tinha (Alice in Chains e Pearl Jam eram definitivamente mais importantes quando comecei a tocar), mas eu adorava aquele cara há mais de dez anos. Ele entrou sozinho, pegou um violão e começou... rolou Soundgarden (“Black Hole Sun”, “Fell on Black Days”, “Burden in my Hand” e outras), Audiosalve (“Like a Stone” e “Doesn’t Remind Me”), sua fase solo (“Can’t Change Me” e várias outras), e até Temple of the Dog! Aliás, ele tocou bastante coisa do Temple: “Wooden Jesus”, “Say Hello to Heaven” e “Hunger Strike”! O clima do show foi único. Como o lugar era pequeno, nos intervalos das músicas dava pra ouvir tudo que a plateia dizia. O Chris começou a fazer piadas... teve um momento em que alguém gritou algo e outra pessoa na própria plateia respondeu. Eis que o Chris fala: “vocês querem que eu volte depois?”rs Sensacional!
 Eu cantava quase tudo e o Jason ali, olhando impávido. Até agora não sei se ele não é tão fã assim ou se não conhece tanto o trabalho do cara. Nas músicas do Soundgarden ele até tava empolgado. Mas se a sua intenção foi retribui a gentileza comigo, deve ter ficado satisfeito pois viu que eu estava amarradão! 
Saímos de lá...o Jason tava quase dormindo em pé (era mais de 23hs numa segunda feira...o cara itnha acordado muito cedo pra trabalhar). Ele foi pra casa e eu peguei o Tube de volta pro home sweet home East Putney. 
Link do Chris tocando Like a Stone e Doesn't Remind Me:  http://www.youtube.com/watch?v=IcSbcvIBv7k
Nas fotos: A entrada do museu, um moai da Ilha de Páscoa, um totem norte-americano e o Palladium.