Aquele que seria o último dia que eu aproveitaria por inteiro na minha primeira passagem por Londres foi um misto de vários sentimentos. Ao mesmo tempo em que Londres tinha sido algo fantástico e completamente diferente de tudo que eu já tinha experimentado na vida, eu ainda tinha bastante coisa pela frente. Ao invés de ter um dia mais leve, resolvi aproveitar by myself.
Nesse dia comecei mais uma vez com os exercícios. Vale destacar que a essa altura eu já estava acordando bem tarde. Por volta de 10/11hs. Culpa do fim de semana!rs Mas levantei-me e quando era quase meio-dia estava na rua. Peguei o tube até Camden Town de novo, dessa vez para ver o street market.
O street market, ao contrário do que possa parecer, não é algo tão popular assim. É mais “alternativo”, você encontra peças quase artesanais, de fabricação única, mas os preços ficam na média do resto da cidade. Eu penso que originalmente era apenas um, mas hoje existem pelo menos três galpões inteiramente ocupados pelas barracas (com um aspecto de camelódromo). Apesar de venderem de tudo – livros, incensos, artesanatos, instrumentos musicais e muito mais – a grande maioria dos stands vendem peças de vestuário. Camisetas, vestidos, sapatos e cuturnos completamente estilizados. Alguns com cara de brechó. Achei bem interessante, dei uma volta ao redor e aproveitei para almoçar por lá mesmo. O market fica localizado em cima de um rio, e nas margens dele existem várias lojinhas com refeições “prontas”. Eis que avisto uma com a bandeira do Brasil. Quando cheguei, era um catarinense o dono, e eu tive um ótimo arroz-feijão-bife-farofa por 4,00 libras. Achei bem honesto.
Fiquei por lá umas duas horas... e ainda passei num restaurante chamado Made in Brazil (sei o que você vai pensar: que panaca! Foi pra Londres ver coisas do Brasil. Ok, nesse dia me bateu um pouco de homesick). Lá eu tomei um açaí na tigela (7,00 pounds), que eu achei ok, nada demais. A dona é uma inglesa e a equipe basicamente composta por brasileiros.
De lá, fui até outro major spot: o Hyde Park. Fica na região central de Londres, bem perto do Marble Arch (um grande arco monumento feito em mármore). Local muito famoso pelos festivais e eventos que tem o parque como cenário. É um local lindo, cheio de gente praticando esportes, passeando, casais sentados nos gramados e várias outras coisas. Rola até um caminho em homenagem à Princesa Diana, com placas no chão indicando seu trajeto. Nesse dia fazia um belo solzinho, bastante agradável. Tirei a camisa e estendi no gramado. Fiquei lá deitado por algum tempo, aproveitando aquele clima de relaxamento. Viver como um londrino não é nada mal.
Informação adicional: eu era a única pessoa sem camisa no parque. Ninguém fica sem camisa lá (nem no resto da Europa... só na praia).
Levantei e fui andando pelo parque, até que cheguei numa região toda gramada e aberta que tinha várias pessoas jogando futebol. Me bateu aquela vontade, dei uma olhada ao redor e encontrei um grupo que tinha um número ímpar de jogadores. Fui até lá e pedi pra jogar, no que eles me atenderam. Sensacional!
Era um grupo basicamente de árabes, mas não consegui precisar qual país. Tinha um italiano, um escocês e o resto árabes ou do norte da África. Alguns jogavam bem – nada de espetacular – e tinha até um com o uniforme completo da seleção brasileira (do Daniel Alves). Achei melhor não dizer de onde era, pois eles poderiam ficar decepcionados.rs Eu era o único de calça jeans e all star, mas tudo bem. Fui para um time que com o decorrer percebi que era um pouco mais fraco, mas fomos equilibrando o jogo. À medida que a partida ia ficando igual, eles aliviavam cada vez menos. Eu recebi pelo menos umas três faltas bem fortes (incluindo um chute no joelho e um pisão por trás rs). Mas tranquilo, já tinha jogado com estrangeiros antes e para eles isso é normal, ninguém reclama. Eu tirei a camisa de novo pois estava com calor (o que fez eles gritarem “He’s on fire!”rs) e no fim acho que perdemos por um gol. Mas foi legal. Eles me perguntaram de onde eu era e eu falei: Brasil. Me convidaram para jogar com eles de novo na semana seguinte e eu expliquei que estava indo embora, mas agradeci.
Nesse momento rolou um episódio completamente inusitado: como eu estava com muito calor, fui embora andando pelo parque sem camisa, e nem lembrei que isso era incomum. Fui reparando que eu era, verdadeiramente, a ÚNICA pessoa sem camisa lá. Todos me olhando. Mas eu nem me importei. Estava com calor mesmo e que se dane!(mentira, isso durou uns cinco minutos e eu a vesti de novo – achei que pudesse ser preso rs).
Fui então para South Kensington encontrar a Cami. Devia ser por volta de 18hs e ela tinha acabado de sair do trabalho. Ela comeu uma salada e partimos pro Soho pois tínhamos marcado um jantar de despedida. Pegamos o tube e descemos em Picadilly. Caminhamos por Leicester Square, por Chinatown até chegar no miolo do Soho. Essa era a região mais cool na Londres dos anos 60. Algumas coisas tem aspecto bem envelhecido, e rolam uns becos e vielas com o melhor e o pior da área central. Fomos andando a esmo (sempre fazíamos isso rs) até que vimos uma casa de sucos bem legal, e que usava frutas de verdade! Eu pedi um de manga com maracujá e côco e a Cami mamão, laranja e raspberry. Estava muito bom. Ficamos por lá, papeando, tentando entender o quanto aquela experiência toda de vivenciar uma cidade como a capital inglesa faz você enxergar as coisas de uma maneira diferente (Cami teve a mesma epifania quando esteve lá pela primeira vez). Quando percebemos, era 22:30 e decidimos voltar pra casa. Chegava ao fim uma das maiores histórias de amor por uma cidade que eu já tive na vida. Mas eu ainda iria voltar a Londres.
Nas fotos: O Marble Arch, o caminho da Princesa Diana, escultura no Hyde Park e detalhe do gramado.




Intitular com Paulinho Moska arremata meu coração. Mas quanto ao seu ultimo dia, duas coisas:
ResponderExcluir1- sim... eu pensei antes mesmo de ler... brasil-feelings da uma bombada as vezes né. Invejei seu honesto prato de arroz com feijão.
2- Ui, He’s on fire!... hihihi. Mania de carioca! Ultimo dia... estava começando a se sentir em casa.
leve *-*. Achei que esse dia foi muito mais seu do que de Londres (posso estar enganada).
bjs.